quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um bom currículo

Analisar os teus traços
Me traz de volta à vida.
Me liberta dos casos
O teu rosto inocente
Dizendo que sente
Um bom futuro chegando.
Te olhar tão de longe
E observar cada movimento
Movimentando o meu coração
Que não para de pulsar a teu favor.
Cada gesto teu
Me faz querer mais
Que isso seja eterno,
Cada piscar dos teus olhos
Me assume como dona
Da tua felicidade
E nesse cargo
Eu me encarrego
De fazer um bom trabalho.

Helena Vicente

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

II

  Lívia tinha no rosto as expressões de quem sabia demais do mundo. Carregava nos gestos tudo que aprendera cedo demais sobre as pessoas e sobre a realidade. Estava cansada, farta de toda a falsidade alheia que escorria em sua vida, deixando-a infeliz e amargurada. Lívia já não fazia questão de conhecer ninguém ou de preservar coisa alguma. Ela estava se sentindo sozinha demais e explorada pelos outros. Sempre dava tudo de si, acabava sendo sugada e jogada de lado. Lívia não sabia que a felicidade só visitaria quem doa sem cobrar nada em troca. Ela não estava errada em fazer o bem aos outros, só estava errada em pensar que isso deveria ser retribuído à ela. Os errados são os outros que usam as pessoas apenas quando elas satisfazem seus desejos. Lívia não é errada por se doar. O bem que fazemos aos outros é o único que permanece para sempre em nós mesmos. O ser humano só pode ser lembrado pelas coisas boas ou ruins. Lívia deixou todo o bem a quem entrou em sua vida por um motivo qualquer. Pode estar chateada com tudo e com todos, mas Lívia vai receber a felicidade em sua porta quando menos esperar, quando deixar de cobrar o que ela faz também, vai perceber que isso é vazio e impossível, afinal, as pessoas são muito diferentes uma das outras e é isso que faz o mundo ser mágico.
Helena Vicente

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Estatísticas

Em todo lugar
Há pelo menos
Uma pessoa
Sofrendo por amor.
Em todo lugar
Há alguém
Que carrega uma dor
Irreversível.
Tudo que temos
Carregamos conosco
A cada porta que abrimos,
A cada passo que damos,
Somos isso
E continuaremos
Com isso
Até o fim.
Em todo lugar
Há um olhar vazio
E arrependido.
Em todo lugar
Há um vazio escondido
Das outras pessoas.
Em toda rotina
Há um sofrimento.
Somos o que somos
Independente dos outros.
Viver com nós mesmos,
Dentro de nós mesmos
Pode ser o que mais acorrenta
E asfixia.
A cada manhã,
A cada despertar do sono
O objetivo é o mesmo:
Sufocar o coração em chamas
E a mente em completo desalinho.
O esforço para dormir à noite
É o mesmo todos os dias
Porque o que há dentro de nós
Jamais esquece de gritar
E afastar a calma necessária
Pro sono e a paz se estabelecerem.
É tudo que temos,
É tudo que somos.
A confusão é o sinônimo de qualquer tentativa
De ser feliz.

Helena Vicente

sábado, 14 de novembro de 2015

O objetivo é continuar

Têm coisas no fundo da nossa alma
Que imploram silêncio,
Que imploram preservação
Como um segredo radioativo.
Têm coisas que perdem o controle
Quando mencionadas
E quando isso acontece
Tudo perde o rumo e o foco,
Tudo toma um destino independente
E isso é perigoso demais.
Têm coisas que doem tanto
Podendo ser comparadas com uma faca
Atravessando o estômago.
Têm coisas que precisam ficar contidas
Para que as lágrimas não caiam
E para que a vida possa seguir em frente
Nem que seja com uma força inexistente,
O objetivo é continuar.

Helena Vicente

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

I

  Clarice chega em casa tão tarde da noite, retira suas roupas manchadas de vinho que alguém derrubou sobre ela sem querer, até fica triste por uns segundos, gostava da blusa azul que havia ganhado da sua tia Luísa pouco antes de seu aniversário em agosto. Coloca suas roupas velhas de dormir, vai escovar os dentes e repara seu rosto cansado no espelho sujo do banheiro, repara o quanto está envelhecendo rápido. Clarice sussurra confissões perigosas para as paredes, "ah se essas paredes falassem" pensa, "sorte que são mudas". Clarice não entende o que se passa, o que a faz chorar toda noite. Clarice tenta entender o rumo que sua vida tem tomado sem que ela faça qualquer esforço. Clarice é solitária, conclui ser melhor sozinha, acha que outra pessoa em sua vida seria um desastre, ela não sabe lidar com as emoções alheias. Clarice está cansada de pensar sobre isso também, mas é necessário. Ela só quer que seu coração pulse por função própria, não faz questão de ser movimentada por qualquer tipo de sentimento, apesar disso, precisa de um pouco de atenção, mas isso recebe de seu gato e ele é como ela, solitário. Os dois são parecidos, ele é a sua família e Clarice se sente feliz assim. Muitas pessoas só servem pra confundir. Clarice não quer se perder novamente e é na solidão que se sente segura.
Helena Vicente

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Nem tudo que ilumina salva

Vou deixar as luzes do meu quarto
Bem acesas
Que é pr'eu ver com clareza
O teu partir.

Vou deixar as luzes do meu quarto
Bem acesas
Que é pr'eu ver com clareza
As tuas feições ao fingir.

Há várias formas de bater a porta.
Você reproduziu todas elas
Na minha cara.

E quando tu te levantas
Eu já tenho me cansado de sentir,
Eu já tenho me cansado de pedir,
Eu só te analiso e digo adeus.

O adeus não é pra sempre,
Tu voltas a bater em minha porta,
Mas pedindo pra entrar,
Porque tu te sentes bem
debaixo das luzes do meu quarto.

Eu abro as portas pra ti,
Tudo que eu faço é te aceitar,
E eu já nem ouso perguntar
O que aconteceu dessa vez.

Eu já nem ouso pensar
No que vai acontecer
Se eu fechar a porta
E desligar as luzes do meu quarto.

Helena Vicente

domingo, 11 de outubro de 2015

Atmosfera violenta

A atmosfera pesada
Desse ar contaminado
Está me afetando.
Sinto que vivo
Num campo minado.

O cansaço dos dias
Está me afetando,
As relações afetivas
Estão me incomodando.
Sinto tudo dilacerado.

A expectativa
De uma vida melhor que nunca chega
Está me afetando.
Sinto-me afundando
Num barco quebrado.

Olhar para o céu todos os dias
Já não me traz respostas,
Eu sigo o caminho
Amargurado,
Como se algum dia
Eu o houvesse traçado.

Nada disso foi planejado,
Nenhuma lágrima,
Nenhum sangue jorrado.
A realidade se tornou tão imunda e escura
Aos meus olhos machucados.

Onde foi que me ceguei?
Em que rua,
Em qual esquina
Eu me larguei?

Onde foi que me perdi?
Em que abraço,
Em qual dos laços
Eu me parti?

Helena Vicente

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Silêncio que pesa e ocupa

Você não sabe,
Mas eu tenho dor no silêncio.
No silêncio eu consigo ouvir minha mente rasgando-se em pensamentos,
Em memórias desgastadas
De lembrar.
O silêncio me remete um espelho,
O silêncio me fala tudo que evito escutar.
Eu estou cansada de calar,
De aceitar e permitir.
Eu me cansei dessa dor de cabeça cinza
Que teima em me visitar
Cada vez que tento pensar no futuro.
Eu queria restaurar a minha vitalidade
E saúde
Para continuar buscando pela tão falada felicidade.
Quem sabe um dia?

Helena Vicente

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Lista

Eu preciso
De algo pra me manter viva.
Preciso do vento que balança meus cabelos,
Do vento que me bagunça sutilmente.
Eu preciso das nuvens,
Daquelas negras e pesadas
Eu preciso da chuva que delas saem,
Pra que molhe o meu rosto,
Pra que molhe o meu corpo,
Me arrancando assim de qualquer padrão.
Eu preciso exterminar os padrões,
Eu me cansei disso também.
Que deixe meu cabelo bagunçado,
Que deixe minhas olheiras profundas,
Que deixe a minha pele natural.
Eu preciso me sentar debaixo de uma árvore
E ler algum livro sobre paz,
Algum livro que proporcione paz,
Qualquer página que fale sobre o amor
E em como as coisas dão certo.
Me encher de alguma esperança aleatória
Pra que eu possa esperar por mais alguma coisa
E esquecer que já não espero por mais nada.
O que é a paz?
Eu gostaria de encontrá-la,
Mas quanto mais a persigo, mais ela foge...
É assim com tudo.
Deixe estar
Que o amor floresce
Debaixo da palma das suas mãos.
Eu preciso de um tempo,
Eu preciso de uma longa conversa sem limites ou medo,
Que escutem as minhas frustrações.
Todos nós somos um fracasso
De vez em quando,
De estação a estação.
Eu preciso encontrar da janela do meu quarto
A harmonia do dia,
O canto dos pássaros
E o céu rasgando a saudade
Daquela coisa que um dia fui.
Eu preciso aprender a esperar
O sol sair de trás das nuvens
E me aquecer com amor,
E cegar os meus olhos de tanto brilho
Para que eu não enxergue mais
A escuridão do mundo.

Helena Vicente

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Rotinas cheias de vácuo

Eu preciso de ti como os carros precisam de gasolina.
Eu não tenho saída,
A cada rua,
A cada esquina,
Eu não tenho saída.
Eu olho pro final
E não vejo nada.
Eu olho pra escuridão
Em busca de proteção,
Procurando pelos teus olhos castanhos
E eu não vejo nada
Além de muros.
Cercado de muros
Você se isolou,
E eu preciso ouvir
Da tua boca suave,
De hálito quente
Como você está.
É como uma fome
Que eu não sei controlar.
Eu já nem me lembro da última vez
Que fiquei completa,
Desde que você se foi
Passo as noites frias sem coberta.
Me escondo em outras peles
Pra não evidenciar o meu sofrer.
É inútil te querer.

Helena Vicente

segunda-feira, 24 de agosto de 2015


Religiões e desafetos

Me converti em ti
E agora já é tarde demais.
Eu coloco Radiohead pra tocar
E quase sofro por um segundo.
Eu quase sofro por te querer tanto.
Eu quase sofro reparando esses muros de concreto que você construiu.
Eu vou pixá-los com minha raiva aparente.
Eu quase sofro por me identificar tanto contigo.
Eu quase consigo não sofrer.
Helena Vicente

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O que quiseres

Se quiseres um abrigo,
Um peito pra chorar,
Sou eu,
Teu leito afetuoso.
Se quiseres um consolo,
Um remédio pra acalmar
Sou eu,
A médica dos errados.
Se quiseres distância,
Um pouco de paz
Sou eu, o iceberg perdido
No meio de tudo,
Desproporcional em minha forma,
Fria
Em excesso.
Entre o início e o fim
Eu sou a morte da esperança
E o descaso.
Eu sou a fome do sentir
E o excesso do saber.
Eu transbordo em meu ser
E danifico o sólido,
Mas se quiseres um abrigo
Se quiseres um equílibrio entre o amor e a miséria,
Meu bem,
Eu sou.

Helena Vicente

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Aqui tem muito. Lá tem mais.

Vai chegar aquele momento na tua vida em que você vai pensar "porra, o que eu tô fazendo aqui?". Esse momento vai chegar quando você estiver rodeado de gente de todos os tipos, pessoas que você não conhece, pessoas que conhece e que lhe desagradam, pessoas que te fazem bem, mas você se sentirá tão perdido que vai sair, irá ao banheiro, lavará o rosto, se olhará no espelho e continuará com a dúvida "o que raios estou fazendo aqui?". Vai chegar o momento em que tudo vai parecer novo e diferente. As pessoas que você amava e que eram tudo, não serão nada menos do que uma parte da sua vida da qual você quer esquecer. Você vai se perguntar "mas por que eu agi dessa forma?" mesmo que o tempo tenha voado, você vai se lembrar das coisas erradas e vai se perguntar "por quê?". As coisas novas que acontecerão te deixarão tão nervoso e excitado que você vai se olhar no espelho sem reconhecer o reflexo, você já está diferente demais, longe demais. O brilho nos teus olhos já é outro, o sorriso em sua boca já tem outro traço. Os teus sonhos serão mais objetivos, sem toda aquela fantasia. O encanto se perde na cama todo dia em que você sai dela. O encanto ficou num canto qualquer e você já nem sabe onde encontrá-lo. Você vai rir de tantas piadas que, antigamente, você achava super sem graça. Vai dizer que é bobagem se preocupar tanto, que assim seja, você e sua forma. Ou talvez você vai tentar fazer de tudo para agradar alguém, se isso acontecer, eu lhe desejo sorte. Haverá também momentos em que você vai fazer de tudo pra chamar atenção, pra ferir alguém que já te feriu, mas você vai se cansar disso mais cedo do que pensa e vai acabar num barzinho com os mesmos desconhecidos de sempre, bebendo algumas e falando sobre algo do qual não vai se lembrar no outro dia. Você vai se sentir tão inútil a ponto de querer desistir das suas metas. Você vai se sentir tão forte a ponto de persistir em novos caminhos. Terá dias em que tudo o que você precisará será sua cama, seu quarto e um café forte. Terá outros em que você não verá a hora de largar o celular e fugir estrada afora. Você quer muito se perder pra perder de vista o que lhe corta. Você quer muito se encontrar pra cortar pela raíz o mal que lhe persegue. Você quer ser mais, mas ao mesmo tempo, quer ser aquele insetinho que ninguém percebe e ficar escondido em algum lugar da casa. Você se pergunta "e se?". Você se proíbe de querer, de procurar. Você procura sem sentir. Você esquece de procurar. Você quer sem muito gosto. Se quiser, que venha buscar. Todos os dias, toda a hora tudo muda de lugar, ou não muda nada e você não espera mais.
Helena Vicente

sábado, 11 de julho de 2015

Autoajuda

Aproveite o que é bom,
O que te faz sorrir,
Mas não te permitas voar
Sem garantia de pouso seguro.
Guarde teus sentimentos mais lindos
A quem se mostrar interessado pela sua essência,
Que muito mais que a aparência,
É o que fica quando os dias tendem a entristecer.
Sorria com o seu passado,
Lembre apenas das coisas que te fizeram sorrir,
Os erros você já deixou pra trás
E já aprendeu com eles.
A maior burrice do ser humano
É fazer o passado dar impulso
Às suas novas atitudes,
Quando na verdade
O impulso se dá pela junção
Do passado e do presente,
Do "quem eu fui" para "o que quero me tornar".
Jamais guarde rancor,
Isso é o que mais faz as pessoas se frustrarem e decaírem.
Guarde suas opiniões
E nunca denigra o nome de alguém.
Você é dono de si mesmo
E dos seus erros,
Mudá-los é mais sensato
Do que julgar os erros dos outros.
Guarde o que foi bom
E trace um caminho novo
Para seguir
E se refazer,
Sem perder as marcas do tempo
E o brilho nos olhos.


Helena Vicente

terça-feira, 16 de junho de 2015

Doença contagiosa e altamente corrosiva

Toda essa raiva
explode nas paredes
e corrói tudo que é concreto,
depois foge pelas janelas,
deixando o rastro,
deixando o caos.
Esses sentimentos ruins
apodrecem as pessoas
e deixam-as sozinhas.
Mancha o teu quarto
com teu sangue de desabafo semanal,
enxarca teu travesseiro
com o teu plantão rotineiro,
julga as pessoas
com tua miserável visão de mundo,
cospe palavras afiadas
com tua língua de navalha,
estraga as pessoas
com toda a tua escória
e saia como moribundo
atrás de atenção.
Esse é o teu ciclo vicioso.
É assim que tu finge sair ileso
das situações de risco.
O sofrimento pode não ser aparente,
mas são sombras que te seguem.
Você decidiu mantê-lo em cativeiro,
e assim permanecerá vivo
e perto demais.
Helena Vicente

segunda-feira, 8 de junho de 2015

É tão estranho

É tão estranho
Ver tudo isso de cima
E não sentir mais nada.
Quase não me reconheço mais,
Mas eu sei que gosto do que me tornei.
Passei a olhar as coisas de outro ângulo
E passei a não me obrigar a mais nada.
As coisas fluem
E é assim que deve ser.
É tão estranho essa sensação,
Eu nunca senti isso antes
Ao contrário,
Me matava todo dia,
Um pouco mais,
Por coisas que não mereciam
Um pingo da minha atenção,
E ser assim, leve, é tão bom.
Eu queria ter feito isso antes
Porque agora eu vejo tudo diferente.
As coisas são mais lindas
Quando você não carrega nada nas costas
E quando definitivamente entende
Que viver é mais limpo do que parece,
Que você não precisa se submeter a nada.
É tão bom fazer as próprias vontades
E ter a plena certeza de que você é dona de ti mesma,
E que o mundo é grande
E tem muita coisa boa pra acontecer.
Eu já não me reconheço
Porque essas sensações nunca foram sentidas,
Mas eu adoro o que me tornei
E não quero voltar pelos caminhos escuros
Nunca mais.

Helena Vicente

domingo, 17 de maio de 2015

Não sei bem o que é, alívio ou rancor.

Quando me deparei no breu da noite,
procurei teu rosto em meio a tantos outros.
Quando não te encontrei,
Me desesperei.
Quis gritar.
Quis morrer.
Perguntei a Deus onde você tinha ido parar,
ele não respondeu
e eu fiquei a esperar.
Quando te vi, não pude conter o sorriso da angústia dando adeus,
mas quando encontrei a indiferença,
notei que eu, eu mesma
não mudava nada.
Minha presença pra você era dispensável.
E eu, tola, vaguei solta e vazia a noite toda.
A sua espera.
Pude aguardar porque em mim só existia sonhos,
mas o teu olhar era de adeus.
Percebi que o amor é uma farça,
e que a tristeza vicia.

Helena Vicente

domingo, 15 de março de 2015

Já passou

Eu não preciso mais
Desse teu tom autoritário
De quem acha que manda
E quer controlar os meus passos.

Eu não preciso mais
Da tua fala gritada
Cuspindo palavras escuras
Em quem só quer ser amada.

Eu não preciso mais
Das tuas falsas satisfações
Das tuas explicações errôneas
Das tuas falas mentirosas.

Eu não preciso mais
De alguém pra me cuidar
Porque sozinha eu aprendi
Que eu sei muito bem me guiar.

Helena Vicente.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quem quiser, que me acompanhe

Passo agora por esses abismos
E muralhas
Que se levantaram
Pra ofuscar meu grito
Mas eu nem ouso gritar
Eu ouso sorrir e gargalhar
Por entre os muros que ergui
Pra me proteger dos fantasmas
Que é o pensamento.
Jamais perdi o mais belo de mim
O caráter é a parte mais linda
Que construí.
Não são pequenos muros que taparão meu sol
Não são pequenos abismos que me levarão pra sempre.
Já caí muito e sei me erguer sozinha
Como já fiz milhares de vezes.
Como diz Renato:
"Eu posso estar sozinho, mas eu sei muito bem aonde estou."
E eu sei que estou sozinha
E eu sei onde estou e onde pretendo chegar
E com certeza é longe
Muito longe daqui.

Helena.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Viver é deixar ser

A cada passo novo que dou
encontro um caminho novo
e arrebatador.
Crescer é complicado.
Me deparo com a falsidade e a traição do mundo,
das pessoas
e tudo que eu quero nesses momentos
é voltar pro meu quarto
e me trancar lá dentro
com a certeza equivocada de estar segura.
Eu sou vulnerável.
Viver é descobrir,
e eu acabei descobrindo os piores dramas,
talvez não piores,
mas suficientes pra me jogar no chão
e me deixar ali,
com vontade de sumir
e essa vontade tem sido predominante. Essa vontade tem sido extrema.

Helena Vicente

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Obrigada pela inspiração, adeus e até logo

Quando algo não é pra ser,
quando não é pra existir,
não adianta tentar.
É como socar um bloco quadrado
numa abertura circular.

Quando não tem alegria,
só cansaço, exaustão,
não adianta perseguir.
Deixe-o ir
e liberte o teu coração.

Só vale a pena persistir
se o mesmo lhe provar,
que quer ficar,
que não quer ir,
sumir.

Não vale a pena se esgotar
por alguém que quer ficar
a sós com sua própria mania de fugir.


Helena Vicente