quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Se pararmos para analisar
Cada minuto que perdemos
Só imaginando como seria
Se um dia a gente fizesse
O que queria,
Perceberíamos o quanto somos tolos.

Se pararmos para refletir sobre
Cada abraço que poderíamos ter dado,
Cada vez que não deveríamos ter calado,
Cada vez que sufocamos nosso coração
Por ter medo de parti-lo,
Perceberíamos o quão partido este já ficou.

Se a gente parar
Por um instante,
Parar de pensar nesse medo constante
De seguir em frente,
Quem sabe seríamos mais gente...
Gente que vive, gente que sofre,
gente que ama,
Gente que sente e não se arrepende.

Helena Vicente

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

VIII

   Laira estava só, numa noite solitária. Tomando sopa, que por sinal estava muito quente e rodeada pelos seus gatinhos de estimação. “Me sinto uma senhora”. Pensou sobre si mesma e riu sozinha. “Assim que eu termino então, tomando sopa sozinha? Ao menos tenho meus gatos”. Entrava um vento muito forte pela janela, era início de verão e o clima andava bem oscilante, Laira foi até a janela a fim de fechá-la e acabou descobrindo que era lua cheia. Laira desde muito pequena admirava tudo que brilhava, a lua sempre foi o que mais chamava-lhe a atenção. Quando criança, diferente das outras, preferia a noite só para poder ficar sentada no jardim observando a lua. Quando estava nublado, Laira era só tristeza. Seus pais tentavam acalmá-la “Calma, Lala, amanhã as nuvens se vão”, mas de nada adiantava, Laira ficava emburrada e não queria nem o seu ursinho de pelúcia para dormir.
“Acho que não vou ficar aqui trancada tomando sopa”, trocou seu pijama de listras azuis, pegou sua bolsa amarela, deu boa noite para os três gatos e saiu do apartamento. Na cidade onde Laira morava, tinha uma praça onde os jovens se reuniam, onde os mais velhos se reuniam, onde os cachorros se reuniam, onde todos se reuniam para aproveitar a brisa da noite. Laira chegou e encontrou um banco vazio, era o que ela estava desejando. Sentou-se, fechou os olhos e respirou fundo, isso era como um ritual, antes de observar a lua ela sempre repetia essa sequência. Acreditava que respirar fundo liberava a alma para absorver coisas boas. Abriu seus olhos e olhou pra cima, uma nostalgia tomou conta do seu corpo, lembrou-se do jardim, lembrou-se dos seus pais que agora estão tão distantes dela, lembrou-se das nuvens, lembrou-se da lua que ainda era a mesma para não deixá-la tão só. Pegou o celular para tirar uma foto da lua cheia, mas tudo que obteve foi um ponto branco na tela do aparelho. Riu sozinha, era bom estar consigo mesma.
Helena Vicente