quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Tudo uma grande bobagem emocional

Queria abrigar teus olhos
de papel
que choram letras
borradas de tinta
da caneta azul,
que escreveu teus problemas
para curá-los de ti.
Mal sabias que isso
só servia de alívio.
O problema fica,
se não dentro de ti,
fica escrito aqui
pra quem quiser ler.
Eu queria abrigar teus olhos
cansados
dentro do meu peito
de promessas.
Queria ter te feito
ficar aqui por mais tempo
pra dizer as coisas que eu não tive espaço.
Sou intensa,
mais que o sol,
eu sinto pra valer
o que me é concedido.
Já senti o mundo
com apenas um olhar.
Vou pichar os muros da tua rua,
escrever os meus poemas
pra me certificar que tu leu todos.
Pra te fazer bem.
Ou não.
Você se importa?
Oh não,
uma garota psicótica?
Você acha, meu bem?
Não era meu propósito.
Desculpa por isso,
por mais isso,
por tudo isso.
Tudo uma grande bobagem emocional.


Helena Vicente

sábado, 4 de outubro de 2014

Grandes coisas pequenas

Pequenas gotículas de nostalgia,
pequenas satisfações momentâneas
que duram tão rápido,
mas que nos enche o peito
e dá aquele frio na barriga,
que nos faz vivos outra vez.
Pequenas mentiras sinceras,
pequenas ilusões de tempo,
grandes efeitos colaterais.
Até sorrio quando tu diz
que eu sou a melhor.
Grandes becos escuros,
iluminação mal distribuída,
isso que é a essência da coisa.
Traga teu cigarro,
atira na minha cara
pequenas porções de vida,
pequenas mortes sem fim.
Respiro fundo e acho graça,
acabo rindo da desgraça
que é saber que tenho que voltar
pra rotina cansativa
e sem emoção.
As estrelas, a lua,
infinito céu nublado,
infinita pessoa que habita em mim,
agora,
nesse instante,
eu sou tudo
e eu sou nada.




Helena Vicente