terça-feira, 16 de junho de 2015

Doença contagiosa e altamente corrosiva

Toda essa raiva
explode nas paredes
e corrói tudo que é concreto,
depois foge pelas janelas,
deixando o rastro,
deixando o caos.
Esses sentimentos ruins
apodrecem as pessoas
e deixam-as sozinhas.
Mancha o teu quarto
com teu sangue de desabafo semanal,
enxarca teu travesseiro
com o teu plantão rotineiro,
julga as pessoas
com tua miserável visão de mundo,
cospe palavras afiadas
com tua língua de navalha,
estraga as pessoas
com toda a tua escória
e saia como moribundo
atrás de atenção.
Esse é o teu ciclo vicioso.
É assim que tu finge sair ileso
das situações de risco.
O sofrimento pode não ser aparente,
mas são sombras que te seguem.
Você decidiu mantê-lo em cativeiro,
e assim permanecerá vivo
e perto demais.
Helena Vicente

segunda-feira, 8 de junho de 2015

É tão estranho

É tão estranho
Ver tudo isso de cima
E não sentir mais nada.
Quase não me reconheço mais,
Mas eu sei que gosto do que me tornei.
Passei a olhar as coisas de outro ângulo
E passei a não me obrigar a mais nada.
As coisas fluem
E é assim que deve ser.
É tão estranho essa sensação,
Eu nunca senti isso antes
Ao contrário,
Me matava todo dia,
Um pouco mais,
Por coisas que não mereciam
Um pingo da minha atenção,
E ser assim, leve, é tão bom.
Eu queria ter feito isso antes
Porque agora eu vejo tudo diferente.
As coisas são mais lindas
Quando você não carrega nada nas costas
E quando definitivamente entende
Que viver é mais limpo do que parece,
Que você não precisa se submeter a nada.
É tão bom fazer as próprias vontades
E ter a plena certeza de que você é dona de ti mesma,
E que o mundo é grande
E tem muita coisa boa pra acontecer.
Eu já não me reconheço
Porque essas sensações nunca foram sentidas,
Mas eu adoro o que me tornei
E não quero voltar pelos caminhos escuros
Nunca mais.

Helena Vicente