quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Nem tudo que ilumina salva

Vou deixar as luzes do meu quarto
Bem acesas
Que é pr'eu ver com clareza
O teu partir.

Vou deixar as luzes do meu quarto
Bem acesas
Que é pr'eu ver com clareza
As tuas feições ao fingir.

Há várias formas de bater a porta.
Você reproduziu todas elas
Na minha cara.

E quando tu te levantas
Eu já tenho me cansado de sentir,
Eu já tenho me cansado de pedir,
Eu só te analiso e digo adeus.

O adeus não é pra sempre,
Tu voltas a bater em minha porta,
Mas pedindo pra entrar,
Porque tu te sentes bem
debaixo das luzes do meu quarto.

Eu abro as portas pra ti,
Tudo que eu faço é te aceitar,
E eu já nem ouso perguntar
O que aconteceu dessa vez.

Eu já nem ouso pensar
No que vai acontecer
Se eu fechar a porta
E desligar as luzes do meu quarto.

Helena Vicente

domingo, 11 de outubro de 2015

Atmosfera violenta

A atmosfera pesada
Desse ar contaminado
Está me afetando.
Sinto que vivo
Num campo minado.

O cansaço dos dias
Está me afetando,
As relações afetivas
Estão me incomodando.
Sinto tudo dilacerado.

A expectativa
De uma vida melhor que nunca chega
Está me afetando.
Sinto-me afundando
Num barco quebrado.

Olhar para o céu todos os dias
Já não me traz respostas,
Eu sigo o caminho
Amargurado,
Como se algum dia
Eu o houvesse traçado.

Nada disso foi planejado,
Nenhuma lágrima,
Nenhum sangue jorrado.
A realidade se tornou tão imunda e escura
Aos meus olhos machucados.

Onde foi que me ceguei?
Em que rua,
Em qual esquina
Eu me larguei?

Onde foi que me perdi?
Em que abraço,
Em qual dos laços
Eu me parti?

Helena Vicente

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Silêncio que pesa e ocupa

Você não sabe,
Mas eu tenho dor no silêncio.
No silêncio eu consigo ouvir minha mente rasgando-se em pensamentos,
Em memórias desgastadas
De lembrar.
O silêncio me remete um espelho,
O silêncio me fala tudo que evito escutar.
Eu estou cansada de calar,
De aceitar e permitir.
Eu me cansei dessa dor de cabeça cinza
Que teima em me visitar
Cada vez que tento pensar no futuro.
Eu queria restaurar a minha vitalidade
E saúde
Para continuar buscando pela tão falada felicidade.
Quem sabe um dia?

Helena Vicente