terça-feira, 10 de abril de 2018

domingo, 1 de abril de 2018

Call out my name

Nada morre por inteiro
sempre fica algo,
se não a metade,
sobra alguma coisa em nós.
Nada pode morrer ou se esvair,
tudo fica fragmentado,
mas fica,
fica como impulso,
ou como retrocesso,
tudo fica como motivo
pra fugir ou voltar atrás.
Nada morre por inteiro,
alguma parte sobra
para que a gente permaneça inteiro.
Nada se vai completamente,
se nós somos tudo o que fica,
ficando com os fragmentos mais bonitos
de alguma coisa que não deu tão certo assim.
As lembranças jamais se repetem,
mas elas ficam,
e ficam do jeito que foram vividas algum dia.
A gente é o agora,
o antes,
e o depois.
O que morreu não morreu completamente,
ficou como parte da nossa própria construção
e assumir tal coisa é resultado de muita reflexão,
e esforço
pra tentar reverter o ódio
em alguma coisa mais leve
para estar em harmonia com todo o resto.
Nada morre por inteiro,
e nem tudo vive integralmente,
mas vive,
vive junto das outras memórias
que nos fazem seguir em frente
e retroceder, vez ou outra,
na ilusão de que o que viveu parcialmente,
possa se repetir tão bonito como foi.

Mas não vai.





Helena Vicente