sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Dos atrasos e acasos, eu que sei, eu que sei.

Passo por acaso,
não reparo no teu passo.
Já desconheço os teus atrasos,
já não me faz bem a solidão.

Sigo uma linha reta,
infinita, deserta.
De olhos fechados, mas esperta.
Já não me faz bem a imensidão.

Já me cansei desse tédio,
e não há nenhum remédio
que me faça morrer de rir.
Já não me faz bem te ver partir.

E me entristece de verdade
ver que toda essa cumplicidade,
sumiu por toda a eternidade.
Já não me faz bem a ingratidão. 



Helena Vicente

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Para a morte, um recado.

Ei, dona morte.
Você mesma, olhe aqui, preste atenção.
Quero propor-lhe um acordo.
Prometo lhe ser útil, caso me escute,
por favor,
leve-me antes de levar quem eu tanto amo,
Eu não sei como suportar a dor de ver
você levar tudo de mim.
Você sempre busca só um,
mas mata todos em volta.
Você deveria ter vergonha.
Eu que sou a mais sofredora daqui,
eu que sou a mais banal
e sentimentalista.
Eu que devo subir com você,
a minha alma é que deveria lhe agradar.
Não leve os fortes,
não leve-os.
Eu te servirei melhor.
Por favor, aceite.
Eu não hei de hesitar,
nem irei te olhar nos olhos,
ou,
se quiser,
posso tentar fugir.
Os desafios lhe parecem mais excitantes?
Tudo bem, farei o que quiser.
Mas não leve quem eu tanto amo
antes de mim.




Helena Vicente