quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aleatório como o clima da estação

Assim que começa a chover
Corro para um papel,
Para o computador
Ou para as notas do meu celular.
Eu preciso escrever enquanto chove
Porque sinto que a chuva
Me enche de pensamentos
Que preciso colocar em ordem,
Aqui.
Assim como as nuvens precisam desaguar,
Eu preciso vomitar
Tudo que há dentro de mim.
E sempre há alguma coisa
Que pode se tornar poesia,
Mesmo que seja barata,
De esquina e guardanapo,
De cigarros apagados
Ou de bebidas esquecidas na mesa,
Quentes e enjoativas.
Aqui chove muito no mês de julho
E as pessoas não saem mais de casa
E os bares já não estão mais cheios,
Como eram.
E a solidão prolifera
Nas ruas da cidade.
E cada vez chove mais forte,
E o som aumenta no telhado.
Eu fico fascinada
Quando começa o barulho forte
Dos raios.
Caem muitos raios onde moro,
É perfeito para me encher de alguma coisa.
A chuva é como um sentimento,
E eu sinto como se fosse mais do que é.
Eu sempre escrevo sobre a chuva,
Eu sempre esqueço de levar proteção,
Eu sempre me molho sozinha,
E eu nunca dou explicação.

Helena Vicente