terça-feira, 28 de abril de 2020

Objetivo comum

Somos aptos a explicar pessoas,
modificar o que foi dito
pra assim ser melhor engolido
e não machucar tanto por dentro.

Somos patéticos tentando corrigir pessoas,
modificar as atitudes 
pra que pareça mais belo, 
ou menos feio.

Somos humanos incorretos, 
indo ao encontro de outros humanos incorretos,
apontando falhas como se fosse espelho,
olhando pros lados, mas nunca pra dentro.

Somos desonestos com nós mesmos
mostrando apenas o que incomoda menos
pra evitar encontros com a sombra, 
que de qualquer forma sempre nos acompanha.

Somos inocentes, 
acreditamos que o outro nos compreende,
quando de fato o outro mal sabe o que sente
e deposita na gente a expectativa de uma solução.

Não somos solucionadores de problemas, 
nem consertadores de poemas, 
as coisas são como são, 
não como devem ser.

Não somos construtores de um lema
tampouco seguimos alguma regra,
nós fazemos o que dá na telha,
justamente por isso que tanto quebra.

Helena Vicente

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Buscando sentido interno

É claro que eu não poderia
simplesmente seguir essa linha
como se não houvesse construído
realidades maiores.
Tento lidar com isso,
com as cenas quase alucinógenas,
com as experiências fantasmagóricas,
como se tudo realmente pudesse acontecer
sem ferir,
sem doer,
mas o que vem depois quase nunca compensa,
é quase como uma febre intensa
querer o que não podemos conseguir,
interagir com o que não nos pode responder.
É objeto de estudo essa coragem,
essa ilusão em que nos deixamos levar
só pra ver o que acontece
fingindo não ter medo do que vem depois,
só fingindo, porque pensar nisso quase assusta
ficar sem rumo arrepia
e não é bom o sentimento do não saber.
Eu só quero me reconhecer
sem precisar de estímulos externos,
eu quero me ouvir e encontrar minha essência
de novo
sem precisar buscar respostas nos outros.

Helena Vicente