sexta-feira, 26 de abril de 2013


Minha fraqueza está nítida.
O céu aqui tem cor diferente.
As nuvens são vermelhas.
O sol, negro.
Todos os rostos diferentes.
Não consigo me situar.
Me adaptar.
Conviver.
Saudade daquelas ruas.
Saudade das esquinas e becos.
Saudade daqueles velhos rostos.
Embora eu tivesse enjoado, sinto falta.
Sinto falta da monotonia.
Daqueles dias infinitos.
Lá eu sabia o que fazer.
Lá eu sabia pra onde ir.
Lá o céu me abraçava.
Aqui ele me cobre com indiferença.

Helena Vicente

terça-feira, 23 de abril de 2013


Eu gosto de ser livre. Gente que me aperta me irrita. Irrita como aquele sapato que deixou de servir e fica esmagando o dedo mindinho.
Eu nasci para voar. Gosto de explorar os lugares quietos, eles me fascinam por me proporcionar paz.
Gosto do silêncio, contemplo-o quando este domina um todo e os meus pensamentos se tornam nítidos e leves. 
Gente que sufoca me repugna, não tenho paciência nem para acompanhar uma novela, quem dirá crises alheias.
Gosto das pessoas, amo-as, quando estas me convém.
Já vivi muito para os outros, hoje em dia quero viver para mim.
                                                                                                                
                                                                                                                                              Helena Vicente

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Escrevo. E ponto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá do céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê.
                                                                                Paulo Leminski - Razão de ser.