segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Cada ser, um poema

Será que todo mundo
Enxerga o que eu enxergo?
E se enxergam,
O que pensam?

Será que todo mundo
Pensa o que eu penso?
E se pensam,
Como lidam?

Será que todo mundo
Tenta como eu tento?
E se tentam,
Como não cansam?

Será que todo mundo
Cansa como eu canso?
E se cansam,
O que escrevem?

Helena Vicente

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

V

  Mariana gostava muito de arte, uma vez por semana tirava um tempo para ir à exposições de pinturas que tinha em sua cidade, a única coisa que ela achava agradável naquele lugar. Uma vez Mariana encontrou um desenho de uma garota que chamou muito sua atenção, encontrou-o perdido num dos sites que ela visitava habitualmente assinado vagamente com o primeiro nome que só dava uma pista de ser uma menina quem desenhara. Poucas coisas chamavam a atenção de Mariana, ela acabou salvando o desenho e olhava para ele todo dia, tinha achado fascinante, fascinante demais. Retratava uma garota com formas escuras, retratava também um certo movimento aquele desenho, como se a garota estivesse caminhando ao encontro da luz. Mariana pensava ser uma garota de pouco sentir, entretanto na arte sentia-se mais próxima do seu interior e compreendia melhor os sentimentos que abrigava dentro de si. Mariana continuava a frequentar as exposições de arte, mas com o tempo tudo ficou repetitivo e tedioso. O que antes servia como consolo para sua alma, passou a ser um peso. Os expositores começaram a disputar entre eles, havia sempre conversas fúteis sobre quem era melhor e por que. Mariana não via arte em ambientes pesados. O seu conceito de arte impedia que ela continuasse ali, ouvindo discussões desnecessárias. "Será que eles não sabem que a arte, para ser linda, deve nascer por necessidade da própria alma?" O que ela via eram pessoas egocêntricas e calculistas, implorando pelo topo, implorando por um troféu inexistente para aumentar suas autoestimas decadentes. Mariana estava se poluindo, fugiu dalí. Imprimiu o desenho da garota desconhecida. Colou na parede do seu quarto e observava-o antes de dormir. No início até tinha curiosidade sobre a dona daquela obra que havia mexido tanto com ela, mas prefiria a expectativa ao desapontamento. A dona do desenho podia ser qualquer garota que ela criasse em sua mente, podia até ser parecida com Mariana. Podia ter cabelos longos e ser uma menina solitária. Podia ser uma garota repleta de amigos que não a compreendiam e, como Mariana, era através da arte que entendia a confusão dentro da sua mente. Mariana não fazia questão de conhecê-la, sabia que o que sua mente criasse seria melhor do que qualquer outra realidade. Ela analisava o desenho e dormia em paz, sonhava ser a menina caminhando ao encontro da luz.
Helena Vicente

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

És livre

És livre
Como um pássaro
Que aprende a voar
E decide seguir seus instintos.
És livre
Para voar
Em busca da tua paz de espírito.
És livre
Para viver seu "eu"
E seguir o seu caminho.
És livre
Para ser você mesmo
E ter novas experiências
Das quais necessita.
És livre
Para ver com clareza
O que é verdadeiro e simples.
És livre
Como um pássaro
Que voa sem rumo.
És livre
Para sempre voltar pro teu ninho
Que sou eu.
És livre
Para perceber
Que no teu ninho
És livre.

Helena Vicente