sexta-feira, 2 de junho de 2017

Qualquer coisa

Eu não sou essa qualquer coisa
dessa qualquer rua
que tu de repente, se flagrou
eu não sou qualquer coisa
dessa sua qualquer vida
com que saída 
eu fujo de ti?
eu não sou qualquer coisa
que esbarrou
na sua lembrança,
eu não sou qualquer lembrança,
eu jamais saírei daqui.
eu não sou qualquer coisa
que você não faz qualquer esforço
pra me ver sumir,
você não percebe
mas não sou essa qualquer coisa
que eclodiu em ti.
eu não sou qualquer coisa
objeto quebrado
de qualquer chão,
em qualquer casa,
eu não me parti.
eu não sou qualquer coisa
que o céu lançou na terra,
não sou divina,
tampouco santa.
Mas eu não sou essa qualquer coisa
que fica em qualquer canto
em busca de carinho.
Eu não sou um passarinho,
tampouco livre pra cantar.
Eu não sou essa qualquer coisa,
que você não se permite amar.
Só me diga qualquer coisa
que não seja tão pequena,
não precisa ser poema,
só me perceba como grande.
Só me perceba,
e além disso,
proteja-me do qualquer.


Helena Vicente

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