Laira estava só, numa noite solitária. Tomando sopa, que por
sinal estava muito quente e rodeada pelos seus gatinhos de estimação. “Me sinto
uma senhora”. Pensou sobre si mesma e riu sozinha. “Assim que eu termino então,
tomando sopa sozinha? Ao menos tenho meus gatos”. Entrava um vento muito forte
pela janela, era início de verão e o clima andava bem oscilante, Laira foi até
a janela a fim de fechá-la e acabou descobrindo que era lua cheia. Laira desde
muito pequena admirava tudo que brilhava, a lua sempre foi o que mais chamava-lhe
a atenção. Quando criança, diferente das outras, preferia a noite só para poder
ficar sentada no jardim observando a lua. Quando estava nublado, Laira era só
tristeza. Seus pais tentavam acalmá-la “Calma, Lala, amanhã as nuvens se vão”,
mas de nada adiantava, Laira ficava emburrada e não queria nem o seu ursinho de
pelúcia para dormir.
“Acho que não vou ficar aqui trancada tomando sopa”, trocou
seu pijama de listras azuis, pegou sua bolsa amarela, deu boa noite para os
três gatos e saiu do apartamento. Na cidade onde Laira morava, tinha uma praça
onde os jovens se reuniam, onde os mais velhos se reuniam, onde os cachorros se
reuniam, onde todos se reuniam para aproveitar a brisa da noite. Laira chegou e
encontrou um banco vazio, era o que ela estava desejando. Sentou-se, fechou os
olhos e respirou fundo, isso era como um ritual, antes de observar a lua ela
sempre repetia essa sequência. Acreditava que respirar fundo liberava a alma
para absorver coisas boas. Abriu seus olhos e olhou pra cima, uma nostalgia
tomou conta do seu corpo, lembrou-se do jardim, lembrou-se dos seus pais que
agora estão tão distantes dela, lembrou-se das nuvens, lembrou-se da lua que
ainda era a mesma para não deixá-la tão só. Pegou o celular para tirar uma foto
da lua cheia, mas tudo que obteve foi um ponto branco na tela do aparelho. Riu
sozinha, era bom estar consigo mesma.
Helena Vicente
Que texto relaxante. Imaginei enquanto lia, muito legal mesmo.
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