segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Casa Amarela

Casacos de lã.
Blusas de renda.
A solidão andava junto com o café.
As flores mortas no jardim.
No quintal um banco,
velho, cheio de lembranças.
Trazia as histórias cheias de vida,
mas agora virou apenas um banco.
As histórias são lidas
são contadas ainda pra quem quer ouvir,
são da vida que passou voando
pelo quintal já sem cor.
Nada mais que uma senhora frígida
aqui restou,
que de tanto usar renda,
acabou se rendendo
aos anos que passaram voando
pelos seus olhos sem esperança.
Sentia falta sim,
mas a falta não era o suficiente.
Se sentia morta já,
pois os seus sentimentos foram enterrados
junto com as pessoas que já não estão.
Bebia café.
Manchava as camisetas,
não ligava pra isso,
ela só estava acostumada com o amargo
que na sua boca ganhou morada.

                                                                                         Helena Vicente

Nenhum comentário:

Postar um comentário