terça-feira, 26 de dezembro de 2017

9,8 m/s²

De vez em quando a gravidade não parece ser
suficiente
para nos segurar.
A gente flutua, flutua por aí
tentando se encontrar,
tentando permanecer em algum lugar.
Tentando pertencer a alguma coisa.
É difícil se esgueirar
de tudo que machuca na atmosfera.
É difícil se segurar,
manter a calma e se deixar levar.
A gravidade parece, às vezes, não funcionar.
O corpo pode estar fixado,
mas a mente nunca está no mesmo lugar.
Parece que estamos sempre devendo,
sempre em dívida
com nós mesmos,
parece que as expectativas não acompanham
o ritmo, os motivos, as mudanças.
É complicado viver entre as pressões do mundo
e a gravidade que não faz fixar.
Flutuamos, flutuamos por aí,
entre o que devemos fazer e o que conseguimos.
Entre o que queríamos e o que fica pra depois,
entre uma palavra e outra,
é difícil acompanhar.

Helena Vicente

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