Mariana gostava muito de arte, uma vez por semana tirava um tempo para ir à exposições de pinturas que tinha em sua cidade, a única coisa que ela achava agradável naquele lugar. Uma vez Mariana encontrou um desenho de uma garota que chamou muito sua atenção, encontrou-o perdido num dos sites que ela visitava habitualmente assinado vagamente com o primeiro nome que só dava uma pista de ser uma menina quem desenhara. Poucas coisas chamavam a atenção de Mariana, ela acabou salvando o desenho e olhava para ele todo dia, tinha achado fascinante, fascinante demais. Retratava uma garota com formas escuras, retratava também um certo movimento aquele desenho, como se a garota estivesse caminhando ao encontro da luz. Mariana pensava ser uma garota de pouco sentir, entretanto na arte sentia-se mais próxima do seu interior e compreendia melhor os sentimentos que abrigava dentro de si. Mariana continuava a frequentar as exposições de arte, mas com o tempo tudo ficou repetitivo e tedioso. O que antes servia como consolo para sua alma, passou a ser um peso. Os expositores começaram a disputar entre eles, havia sempre conversas fúteis sobre quem era melhor e por que. Mariana não via arte em ambientes pesados. O seu conceito de arte impedia que ela continuasse ali, ouvindo discussões desnecessárias. "Será que eles não sabem que a arte, para ser linda, deve nascer por necessidade da própria alma?" O que ela via eram pessoas egocêntricas e calculistas, implorando pelo topo, implorando por um troféu inexistente para aumentar suas autoestimas decadentes. Mariana estava se poluindo, fugiu dalí. Imprimiu o desenho da garota desconhecida. Colou na parede do seu quarto e observava-o antes de dormir. No início até tinha curiosidade sobre a dona daquela obra que havia mexido tanto com ela, mas prefiria a expectativa ao desapontamento. A dona do desenho podia ser qualquer garota que ela criasse em sua mente, podia até ser parecida com Mariana. Podia ter cabelos longos e ser uma menina solitária. Podia ser uma garota repleta de amigos que não a compreendiam e, como Mariana, era através da arte que entendia a confusão dentro da sua mente. Mariana não fazia questão de conhecê-la, sabia que o que sua mente criasse seria melhor do que qualquer outra realidade. Ela analisava o desenho e dormia em paz, sonhava ser a menina caminhando ao encontro da luz.
Helena Vicente
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
V
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"Mariana não fazia questão de conhecê-la, sabia que o que sua mente criasse seria melhor do que qualquer outra realidade."
ResponderExcluirConcordo plenamente! A realidade tende a ser decepcionante.
Muito bom, parabéns!
PS: Errei o nome da quinta, não é Camila. :/
Esse já tava prontinho nas notas. Camila ainda pode existir...
ExcluirMuito obrigada!